Cantar em que a língua fala
cantando, a Pátria nasceu;
Portugal floriu comigo
quando a poesia cresceu.
Ai flores, ai flores dos Cancioneiros,
oh graça e sorriso dos poemas primeiros!
Ondas do mar me embalaram,
tanto andei a navegar,
que nos meus ritmos ficaram
íris e longes do mar.
Lusíadas, doce trombeta canora
Que Deus abençoa, que Vénus enflora!
Fui, da praia do Ocidente,
correr o mundo, e cresci:
na Terra inteira flori,
sou verbo de toda a gente.
Ó terras do mundo aonde canto em flor,
cantai minha glória, dizei meu amor!
Afonso Lopes Vieira
in Revista de Filologia Portuguesa, S. Paulo, ano II, n.º 18, pp. 102-103.
Estudante de Direito em Coimbra, 1894.
Autógrafo do escritor.